BRASIL É OURO NO MASCULINO E NO FEMININO
FEMININO
Com um excelente desempenho da goleira Chana, a seleção brasileira feminina de handebol derrotou Cuba por 30 a 17 e conquistou na manhã deste sábado a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. O resultado classificou o time para a Olimpíada de Pequim, no ano que vem.
O título no Rio de Janeiro é o terceiro seguido do time feminino de handebol do Brasil no Pan. É a primeira vez que uma equipe brasileira de esporte coletivo conquista um tricampeonato consecutivo nos Jogos. O basquete masculino pode igualar o feito se vencer no Rio.
Na disputa do bronze, realizada antes da final, a Argentina ganhou da República Dominicana de maneira sofrida, por 23 a 22.
Do time que levou o ouro no Rio, Dali, Juceli, Lucila, Milene e Viviane estavam nas conquistas de Winnipeg-1999 e Santo Domingo-2003. Alexandra, Dani Piedade, Dara, Darly e Pará foram campeãs apenas na República Dominicana, enquanto Chana venceu somente o torneio no Canadá.
"Para mim é um privilégio muito grande estar tendo esse tricampeonato. É o sonho de qualquer atleta. Você está dentro de casa, então a responsabilidade foi maior. Mas a gente entrou determinada a sair com esse tricampeonato", disse a pivô Juceli.
Na decisão diante de Cuba, o Brasil contou com o grande apoio da torcida, que lotou o Pavilhão 3 do Riocentro. Mesmo assim, as caribenhas deram um pouco de trabalho no início da partida, que acabou tensa após a expulsão de Duran e um bate-boca entre as jogadoras.
Com pouco mais de dois minutos de jogo, Gomez colocou as cubanas na frente ao marcar dois gols. O Brasil só conseguiu virar quando a defesa passou a funcionar melhor. Em um contra-ataque, a seleção fez com Dani Piedade 4 a 3 no placar.
A partir daí, só deu Brasil. Chana, com grandes defesas em tiros de sete metros e arremessos de curta distância, garantiu tranqüilidade ao time. E o delírio da torcida, que gritou várias vezes o nome da goleira.
A seleção chegou ao intervalo com uma confortável vantagem de 15 a 8. Duda Amorim, de muito longe, marcou o último gol do Brasil no primeiro tempo de jogo.
Cuba voltou à quadra no segundo tempo querendo endurecer o jogo. Turro descontou para as caribenhas, mas logo em seguida Fabiana marcou o 16º e o 17º gols do Brasil e mostrou que a seleção tinha nas mãos o controle da partida.
O Brasil manteve o ritmo forte apresentado desde o começo do jogo. E empurrado pelos gritos da torcida de "mais um, mais um" e "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amo" foi abrindo ainda mais vantagem sobre Cuba até fechar o jogo em 30 a 17.
"Nós mostramos que sabemos nos impor na quadra. Todo mundo viu que a gente sabe jogar handebol", disse a ponta-direita Alexandra, que além do ouro e da vaga em Pequim ganhou no Rio uma aliança de noivado, do jogador chileno Patricio Martinez.
A festa na arquibancada começou antes do apito final. Já na metade do segundo tempo a torcida gritava "olé", "é campeão" e "cadê Cuba?", além de cantar o Hino Nacional. Festa que foi maior após a exclusão da cubana Duran após uma falta dura. O lance ocasionou uma pequena discussão entre as jogadoras, mas não acabou com o brilho da vitória brasileira.
"Cada dia eu me sinto um pouco mais brasileiro. Temos que agradecer muita gente. Não podemos esquecer das jogadoras que foram cortadas antes do Pan. Eu só posso dar os parabéns para as nossas atletas", disse o técnico do Brasil, o espanhol Juan Oliver.
MASCULINO
Com menos tensão que se esperava, o handebol do Brasil bateu os rivais argentinos por 30 e 22 neste domingo e como prêmio ganhou o ouro pan-americano e a vaga olímpica. Mas um quebra-pau generalizado no final mostrou a tradicional tensão no ar entre os arquiinimigos. A Força Nacional, com menos homens que cada equipe em quadra, não conseguiu conter os ímpetos a 21 segundos de a partida acabar.
Só depois de vários sopapos e chutes, chegou o reforço para separar os briguentos. O entrevero começou com uma perseguição ao atacante Léo e, logo, virou uma batalha campal por cinco minutos até que os ânimos se acalmassem. Alguns torcedores entraram em quadra, mas a maioria se limitou a só xingar os visitantes. Com o Brasil já comemorando, novamente os argentinos foram discutir com Léo.
"Ele provocou o tempo inteiro e ainda mostrou a língua quando vez o último gol. Não sabe ganhar e não sabe perder", criticou o argentino Juan Carrara. "Argentino é covarde só bate por trás. Não vou prestar queixa porque não vou dar chance deles pegarem pena de pagar cesta básica para meu povo", disparou o reserva Silvinho, que ganhou um galo na cabeça na briga.
Ao contrário da decisão apertada e emocionante no Pan anterior, a equipe brasileira manteve boa margem à frente durante todo o jogo. Grande parte dessa tranqüilidade se deveu ao paredão chamado Maik, o goleiro nacional, e à pontaria de Bruno Souza e Léo, que marcaram respectivamente nove e seis tentos.
Desde o começo, a torcida também fez a sua parte vaiando os argentinos e o árbitro quando suas decisões eram contrária aos brasileiros. E cantou "p.q.p., é o melhor goleiro do Brasil" a cada defesa do goleiro Maik e "sou brasileiro com muito orgulho e muito amor", quando os visitantes ameaçavam se aproximar no marcador.
Quando a vantagem se alargava, fazia "ola". E, no final da partida, cantou o hino nacional a plenos pulmões e palmas. Depois, gritava "olé" a cada passe dos atletas nacionais e gritos de "bicampeão" e "vice de novo".
Os goleiros se destacaram, bloqueando vários contra-ataques rivais e fazendo defesas difíceis. Mas o brasileiro, Maik, foi mais eficiente, e a artilheria argentina abusou das bolas por cima do travessão.
Já a dupla nacional Bruno Souza e Léo estava afiada nas tabelinhas e arremates. Resultado: Brasil fechou em 11 a 6 o primeiro tempo, com três gols de cada um. Durante toda a primeira parte, os brasileiros tiveram, no mínimo, o dobro de pontos dos adversários -esse cálculo só não fechou no final do tempo.
No começo do tempo final, os visitantes aproveitaram os brasileiros desconcentrados para se aproximarem em placares como 12 a 8 e 18 a 15 e 20 a 18. A diferença de cinco gols caiu para perigosos dois. A torcida começou a gritar "defesa, defesa" porque Maik já não fazia tanta mágica com as mãos, pés e tronco. Aí surgiu o astro verde-e-amarelo Bruno Souza, com dois gols que devolveram a tranqüilidade à torcida. O marcador voltou a marcar sete gols de diferença como 28 a 21. No final, Léo decretou o 30 a 22, antes da comemoração que gerou toda a confusão.
Os brasileiros também estavam mordidos pela derrota no Mundial da modalidade, em janeiro passado na Alemanha. Sem contar com a estrela Bruno Souza, não-convocado pelo técnico espanhol Jordi Ribera, a equipe perdeu por 22 a 20 na primeira fase da competição.
Quatro anos atrás, no Pan da República Dominicana, Brasil e Argentina fizeram um jogo bem mais emocionante, com direito a empate no tempo normal (24 a 24) e na primeira prorrogação (28 a 28). O jogo só foi decidido no último tempo-extra. Faltando 25 segundos para o fim, Bruno Souza marcou o gol que deu o ouro e a passagem para a Olimpíada de Atenas-2004.
Nas três decisões anteriores (Havana-1991, Mar Del Plata-1995 e Winnipeg-1999) os brasileiros tinham sido derrotados na final pelos cubanos, que se ausentaram de Santo Domingo-2003. Na edição do Rio, mesmo com a deserção do novato Rafael Capote, Cuba voltou e ficou com o bronze, ao bater o Uruguai por 24 a 23.